Dando continuidade à série de entrevistas com veteranos do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), o nono entrevistado é o cabo PM Haroldo Piechontcoski, um homem que dedicou mais de 29 anos de sua vida à Corporação e que tem muito a contar sobre sua trajetória na Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC).
Haroldo nasceu em Canoinhas, na localidade de Arroios, onde passou sua infância, adolescência e juventude. Quando jovem, trabalhou como servente de pedreiro, antes do seu ingresso na PMSC. Ele também tinha três primos que o influenciaram a seguir carreira na Polícia Militar. João, Pedro e José, todos militares, eram fontes de inspiração para Haroldo. Pedro, cabo, e João e José, soldados, incentivaram-no a ingressar na PM.

Em 1975, quando soube da abertura do concurso de admissão, Haroldo decidiu inscrever-se e teve êxito. As provas realizadas foram de psicotécnico, escrita e física. “Lembro, inclusive, do dia do meu ingresso na PM. Foi em 24 de novembro de 1975.” O curso de formação de soldados somente teve início em março de 1976. Durante o intervalo entre o ingresso e o curso, Haroldo e sua turma realizaram serviços gerais no quartel de Canoinhas. “Ao todo, éramos 70 alunos. Havia gente de Rio do Sul, Lages, Curitibanos, Porto União, Mafra”.
O curso foi ministrado por diversos instrutores do próprio batalhão, como o capitão Side, Capitão Gildo, tenente Bahniuk, tenente Bueno, tenente Rota e major Guido, que lecionava a disciplina de Português. As aulas aconteciam no andar superior do quartel, onde atualmente se encontra o Copom, e as práticas de tiro eram realizadas no local onde hoje se encontra o campo de futebol sintético do quartel.
Uma curiosidade dessa época foi que o estande de tiro precisou ser melhorado e, para isso, a turma teve que ir até uma fazenda em Rio dos Poços buscar xaxins que serviam de anteparo aos tiros. “Os deslocamentos eram feitos em um caminhão Chevrolet que o batalhão possuía”. Alguns desses xaxins ainda são visíveis, às margens do lago do quartel.
No início de sua carreira, o comandante do 3º BPM era o tenente-coronel Edson Corrêa, e o subcomandante era o major Guido Zimmermann, que chegou a ser comandante-geral da corporação. “Naquela época, mesmo nos momentos de folga, o comandante e o subcomandante estavam sempre fardados”. Após a formatura, Haroldo continuou sua carreira no 3º BPM, enquanto vários de seus colegas de turma foram distribuídos para os municípios de origem.
Suas funções na PM foram variadas, desde a guarda do quartel até o pelotão de trânsito, que na época era comandado pelo tenente Roberto. Além disso, participou de diversas obras dentro do batalhão, como a construção da churrasqueira, suíte, guarda, casa do comandante, garagem (onde hoje fica o Tático) e campo de futebol, realizando várias reformas internas.
Além das funções de serviço, Haroldo também foi envolvido em momentos de confraternização no batalhão. No passado, o 3º BPM realizava grandes festas juninas, eventos que ficaram marcados na memória dos canoinhenses, pois além de policiais, o público civil também participava. Haroldo possui fotos dessas festas, incluindo uma foto da fogueira que era montada para celebrar o evento.

Outro aspecto curioso de sua trajetória foi o período em que o batalhão manteve um rebanho de ovelhas. Os animais eram criados na área interna do quartel. Haroldo, que ajudava a cuidá-los, tem fotos dessas ovelhas, que eram parte das atividades cotidianas do batalhão.
Haroldo trouxe à tona um fato mencionado por boa parte dos veteranos mais antigos. No interior do pátio do batalhão, fundos do atual lago, havia um poço d’água. O “pocinho” era o local predileto de vários militares para se dessedentar, haja vista que sua água era pura e cristalina. Há diversas histórias ligadas ao famoso pocinho que, não raro, era cenário para aplicação de travessuras entre os colegas. Dentre elas, os sustos do “Chapeludo”, um ser fantasmagórico que muitos, ainda hoje, juram ter tido contatos aterradores…
Além de suas funções dentro da PM, Haroldo também teve uma outra paixão: a fotografia. Durante sua carreira, ele foi fotógrafo profissional, utilizando seus horários de folga para capturar momentos especiais e imagens marcantes. Sua habilidade como fotógrafo complementava sua dedicação ao trabalho policial.
Após mais de 29 anos de serviços prestados, Haroldo foi para a reserva remunerada em abril de 2005. Poucos dias antes, o capitão Eurico, chefe do P-4, sugeriu que ele plantasse uma muda de palmeira no campo do quartel, como uma recordação. “Hoje, essa palmeira é uma árvore formada”, sendo encontrada em meio à academia ao ar livre, junto ao campo de futebol, representando o legado do cabo Haroldo.
Entre as fotos apresentadas por Haroldo, uma das mais significativas é a que retrata o antigo açude, construído no local onde hoje se encontra a academia ao ar livre do quartel. O responsável pela construção do açude foi o major Hilário, conforme se recorda Haroldo.
O veterano Haroldo Piechontcoski, com sua trajetória de dedicação, serve como exemplo de compromisso e amor à Polícia Militar de Santa Catarina. Seu legado está marcado não só nas funções desempenhadas, mas também nas histórias e memórias que perpetuam a importância do 3º BPM na vida dos policiais e da comunidade.
Por Capitão Diego Gudas